“Mestre” equipador Tonde Katiyo em Portugal
partilhou conhecimentos a convite da FCMP
A FCMP recebeu em Portugal, durante 5 dias (20 a 24 de Junho), o francês Tonde Katiyo, um dos melhores equipadores do Mundo, coordenador do programa de Commercial Route da IFSC (International Federation Sport Climbing).
Tone Katiyo é dono de um currículo invejável onde se podem citar presenças como equipador em Taças e Campeonatos do Mundo, como o de Paris, em 2016. Experiência vastíssima que o coloca, aliás, como um potencial equipador para a estreia olímpica da escalada desportiva em Tóquio 2020.
Curiosamente, a presença olímpica não é uma conversa grata ao francês de 40 anos que, a custo, lá admitiu que “sim, é possível” e que sim “talvez esteja entre os melhores do Mundo.”
Uma resistência que é parte modéstia e parte cepticismo relativamente à entrada da escalada no calendário olímpico.
Modéstia que não impediu a IFSC de o nomear coordenador do seu novo programa mundial de formação de instrutores, qualidade na qual esteve presente em Portugal para partilhar conhecimentos com alguns dos nomes mais conceituados da escalada nacional, como André Neres ou Frederico Silva, entre outros.
Quanto ao cepticismo olímpico, Tonde Katiyo explica: “Não sou contra a entrada da escalada no programa olímpico. É um acontecimento que tem muito de positivo e que poderá dar a ganhar dinheiro a toda a gente, aos atletas, às organizações e, logicamente, aos equipadores como eu. Mas tenho receio que se esteja a abrir o nosso desporto a alguns dos problemas que vemos noutras modalidades olímpicas, como a corrupção dos valores ou o doping.”
A atitude do experiente equipador gaulês é assim de “esperar para ver”, tendo como consideração final no tema que “a escalada vive bem sem os Jogos Olímpicos e continuará a fazê-lo sem eles, se for necessário. Mas espero que corra tudo pelo melhor, claro.”.
Acerca do nível da escalada nacional, Tonde Katiyo confessou-se agradavelmente surpreendido:
“Gostei muito do espírito e das competências das pessoas com quem convivi durante estes dias neste curso da vossa federação. Encontrei uma cultura muito boa de gente que conhece a escalada e que escala regularmente em rocha. Isso é uma coisa muito boa e que dá aos escaladores características muito importantes. Há países em que não existe esta abundância de rocha para escalar, como Singapura, por exemplo. Os atletas que só escalam em plástico não são piores, mas são diferentes e isso nota-se.”
Já a receptividade dos atletas e o “feedback” foi excelente, conforme explicou André Neres:
“O convívio com o Tonde nestes 5 dias, 4 de curso para equipadores e um de workshop com atletas, superou as nossas expectativas. A nível técnico é incrível, como seria de esperar, mas também nos deu um abrir de olhos para a cena internacional: como as competições funcionam lá fora e qual o panorama mundial da escalada. É alguém que está ‘no olho do furacão’ em tudo o que à escalada diz respeito e ensinou-nos muito. Foi uma experiência inestimável.”