Pedro Martinho é uma das figuras mais carismáticas da escalada desportiva e um dos atletas com maior longevidade. A prova disso mesmo, a conquista do título de vice-campeão nacional de Dificuldade, no Nacional realizado no Jamor, dia 15 de julho.
A pouco menos de um mês de celebrar o seu 50º aniversário, o atleta de Cascais só foi batido pelo campeoníssimo André Neres, de 31 anos.
Um dos mais antigos escaladores em atividade, Pedro começou a escalar desde cedo, como continuação lógica do amor que tinha pela Natureza e desportos de aventura.“É algo que me é inato”, afirma, recordando os primeiros passos na modalidade: “Ia com alguns amigos para escalar no Farol da Guia, em Cascais, ou no Penedo da Amizade, na Serra de Sintra. Foram os primeiros desafios e íamos a pé e de transportes, numa época em que as paredes não estavam equipadas e era normal escalar sem mais ninguém à volta.”
A passagem da paixão à prática competitiva foi também ela, natural. “Participei no primeiro Nacional de Escalada, em meados dos anos 80, em Cascais, e tive a felicidade de ganhar. Eu já era um apaixonado da escalada e aquela vitória ainda me deu mais vontade de continuar nessa vertente.”
Vários títulos de escalada depois, Pedro ainda experimentou outras modalidades de aventura, colecionando troféus em Corridas de Aventura, Orientação e Orientação BTT.
Várias disciplinas com a Natureza em comum e que, diz, ajudam a explicar a sua longevidade: “Penso que a minha longevidade se deve a vários fatores, como a genética e o facto de sempre ter praticado desporto e ter tido algum cuidado com o físico. Hoje em dia, com os compromissos profissionais e familiares, tenho menos tempo para treinar, mas tento fazê-lo o mais possível. E mesmo que só tenha 20 minutos, tento usá-los com qualidade. Acho que ganhei também outras coisas com a experiência e isso ajuda muito na competição.”
Questionado sobre o atual estado da modalidade em Portugal, Pedro, observador do panorama desportivo da Escalada, tem uma visão privilegiada graças às décadas de prática: “Penso que é necessário captar mais gente jovem para o nosso desporto. Estive afastado 12 anos da escalada e quando voltei ainda eram mais ou menos os mesmos a dominar. Há alguns bons exemplos, como o Pedro Pato [14 anos], mas é preciso mais. E, nesse aspeto, penso que a Federação está a trabalhar no bom sentido, quer através da divulgação, que é fundamental para continuarmos a crescer, quer em obras como a parede do Jamor, que é uma excelente estrutura e que poderá ser muito útil até para iniciar mais gente. A escalada precisa.”