Briand Monteiro: da NASA até à Taça
Aos 32 anos, Briand Monteiro entrou de forma fulgurante na cena de escalada nacional, tendo dado nas vistas já na época transata nas provas de boulder, e agora este ano, ao conquistar a competição feminina da Taça de Portugal de Boulder, em Lagoa.
Atlética e bem-disposta, quem a vê escalar não desconfia que está perante alguém que já passou pela NASA e cuja profissão, até há bem pouco tempo, passava pela construção de satélites numa empresa aeroespacial privada. Então como é que esta “extraterrestre”
da escalada chegou a Portugal? O apelido dá uma pista, mas a própria explica: “Casei com o Nuno, que tem ascendência portuguesa e família em Portugal, e depois de um ano a viajar pelo Mundo, acabámos por vir visitar as raízes dele.”
Daí a envolver-se na cena da escalada nacional foi um passo. Afinal, Briand escala “desde sempre” graças ao seu pai que lhe pegou o “bichinho”.
“O meu pai ensinou-me a escalar já nem me lembro quando e faço-o desde sempre. E, aos 68 anos, ainda é um apaixonado pela escalada. Aliás, agora até escala mais do que nunca!”, conta Briand.
Ao chegar a Portugal, Briand foi muito bem-recebida pela comunidade da escalada que lhe causou excelente impressão: “Portugal é um país lindo e as pessoas são muito calorosas e simpáticas. Fomos muito bem-recebidos pelos escaladores portugueses que nos deram logo a sensação de uma comunidade muito acolhedora logo desde o início.”
Assim, foi com naturalidade que Briand e Nuno Monteiro se envolveram na competição. Mesmo que quase por acaso, confessa: “A primeira prova que fiz cá foi a Taça de Portugal no Vertigo, em Lisboa. Para ser sincera, só decidi ir à última da hora porque tive uma folga nesse dia, mas ainda bem que o fiz pois diverti-me imenso.”
Este ano, já mais aclimatados ao ambiente competitivo, Briand e Nuno Monteiro deram espetáculo, com a norte-americana a vencer a prova feminina em Lagoa e Nuno a dar muita luta a André Neres, que triunfou entre os homens.
O balanço desta participação foi, de acordo com a atleta, muito positivo, até pelo nível competitivo que, diz, melhorou imenso desde o ano passado: “Foi muito renhido graças à Júlia [Nogueira] e à Madalena Casanova. Gostei especialmente de ver a evolução da Madalena que é muito jovem e progrediu imenso de um ano para o outro.”
Infelizmente, Briand está de regresso aos EUA e só regressa no início do próximo ano pelo que não deverá competir na segunda mão da Taça, mas promete voltar com o marido Nuno para ambos ajudarem à evolução da modalidade em Portugal.