Começar tarde para ir mais longe:
a história de Jocelina Ferreira
A campeã nacional ultra skymarathon, Jocelina Ferreira, tem um percurso desportivo, no mínimo, invulgar. Com 46 anos, a empresária e auxiliar de ação educativa começou a correr há apenas 6 anos, “para fugir à solidão e à monotonia”. “O meu marido tinha ido para Angola trabalhar durante uns tempos e a atividade física foi uma forma de me manter ocupada e fugir à solidão”, explica Jocelina Ferreira que, confessa, nunca tinha praticado qualquer tipo de desporto.
“Inscrevi-me num ginásio e comecei por fazer umas caminhadas. Então, um colega convidou-me para ir correr e fiz 10 quilómetros. A partir daí nunca mais parei”, recorda a campeã nacional que conquistou o título na Zela Ultra Skymarathon, em abril.
Um título que foi conquistado quase sem querer ou, pelo menos, sem conhecimento, num episódio caricato narrado pela própria: “Corro por prazer, não pela competição e nem sabia que a prova dava acesso ao título. Foi a Bárbara Fernandes quem me convidou a ir a Vouzela, mas a sacanita já sabia o que estava a fazer (risos). Ela acreditava que eu podia ser campeã e não se enganou. Mas a verdade é que vou para terminar e curtir.”
Uma abordagem peculiar que a faz até rejeitar o título de “atleta”, diz: “Quando me chamam atleta nunca me soa bem, não me considero atleta, jamais. Não vivo disso, só corro por prazer, não tenho plano de treino nem treinador.”
Mas o que a atrai nas provas mais longas? “Gosto de provas a partir dos 50 quilómetros. Também gosto de provas mais curtas, mas é a distância longa e a altimetria das provas de sky que me atrai mais. Gosto de poder andar o dia inteiro na serra. A minha última prova foi a do Pisão Extreme e andei 14 horas na serra; comecei de noite e acabei de noite. É maravilhosa a sensação de passar horas na serra desligada do mundo”, assume a atleta do Montanha Clube Trail Running/ EFAPEL, concluindo: “Sou uma pessoa muito contemplativa, mas que também gosta de alguma adrenalina e o Skyrunning preenche isso tudo.”