Campeonato da Europa de Ultra Skyrunning
No passado dia 12 de julho, teve lugar, na localidade francesa de Val d’Isère, o Campeonato Europeu de Skyrunning, na disciplina de Ultra, que contou com a presença de quatro atletas selecionados pelos seus bons resultados alcançados nesta mesma modalidade no ano passado em Portugal: Ester Alves (Desnível Positivo), campeã nacional de Ultra SkyMarathon®, Manuel Faria (Associação Cultural e Desportiva Jardim da Serra), campeão nacional de Ultra SkyMarathon®, Luís Fernandes (Ludens Clube de Machico), vice-campeão nacional de Ultra SkyMarathon® e Leonardo Diogo (Clube Aventura da Madeira), único português presente no ranking mundial de Ultra da International Skyrunning Federation.
O Ice-Trail Tarentaise (ITT) foi escolhido para ser o Campeonato da Europa de Ultra Skyrunning em 2015. É uma prova extrema de 65 km de extensão e com um desnível positivo acumulado de 5000 metros. Para além de cerca de 60 km do percurso decorrer a uma altitude superior a 2000 m, atravessando glaciares e fazendo uso de escadas, cordas e cabos, o ITT atinge ou ultrapassa os 3000 m por três vezes: no túnel des Lessières (3000 m), na Aiguille Pers (3386 m) e na Grande Motte (3653 m), o ponto mais alto da corrida. Não é uma corrida fácil, não só por causa da altitude, como também pelas passagens perigosas que apresenta e que não se devem tomar de ânimo leve.
A corrida foi ganha pelo espanhol Luis Alberto Hernando e pela sueca Emelie Forsberg no sector feminino, os dois campeões do mundo de Skyrunning em 2014.
Apesar da veterania, e talvez por causa dessa maior experiência em provas internacionais, o nosso melhor representante foi Leonardo Diogo que obteve o 18º lugar da geral (3º Veterano), com o tempo de 9h14m20s. De qualquer forma, pode-se acrescentar que o Leonardo ainda estava a recuperar do feito alcançado apenas duas semanas antes: o 8º lugar da geral (1º Veterano) na prova da Taça do Mundo de Skyrunning - Ultra, nos 80 Km du Mont Blanc.
No 20º lugar da geral masculina, ficou Manuel Faria (17º Sénior), completando o percurso em 9h23m03s, e, no 24º da geral masculina (19º Sénior), quedou-se o Luís Fernandes, com 9h38m25s.
Ester Alves, a nossa única representante feminina, acabou por desistir aos 48 km, debilitada pelo esforço que fez desde os 17 km, por dores numa coxa, derivada de uma queda provocada por outro concorrente, o qual já tinha sido ultrapassado por ela, mas que, momentos depois, caía na neve e empurraria a Ester contra as rochas. Acrescente-se que à hora a que os primeiros concorrentes passaram na Grande Motte, a neve estava ainda gelada, tornando o trajeto bastante perigoso, se os crampons de corrida que levavam calçados não aderissem. Foi o que sucedeu com o Luis Fernandes que, na descida por uma pendente gelada do glaciar da Grande Motte, acabou por escorregar e só parar cerca de 200 metros depois. Esta situação, para além de lhe ter valido um grande susto e de ter perdido algum tempo para recuperar, ainda lhe deixou marcas de sangue nas pernas pelos vários cortes provocados pela neve gelada, tendo posteriormente comentado “vi a minha vida a andar para trás”.
Cerca de 600 participantes partiram às quatro horas da manhã do centro de Val d’Isère para percorrer o ITT. No entanto, nas 16 horas que todos dispunham para completar o percurso, apenas 345 conseguiram ficar classificados. A dificuldade do terreno, as boas condições atmosféricas com temperaturas altas que permitiram pela primeira vez completar todo o percurso de 65 km, e que por vezes foram demasiado altas para os participantes, ditaram o atraso e a desistência de muitos.