“Não sei se é um sonho porque não penso muito no futuro. Mas queria tirar o curso de Desporto e, se calhar, um dia, competir nuns Jogos Olímpicos ou treinar alguém para estar nos Jogos Olímpicos”. Palavras de Pedro Pato, jovem escalador de 14 anos que causou sensação no Campeonato Nacional de Dificuldade realizado no Jamor, o mês passado, ao conseguir, a par do campeão nacional André Neres, ser um dos dois atletas a encadear a parede da meia-final até ao topo.
Pedro classificou-se depois na quinta posição no Nacional open, mas ficou na retina a excelente prestação numa meia-final de nível muito exigente. Um sinal da extrema qualidade de um escalador que celebrará o 15º aniversário em novembro.
Escalador do Beato, em Lisboa, Pedro passou por vários desportos, em especial modalidades de aventura, como o surf, entre outras, mas foi a escalada que o agarrou. “Pelo menos até agora”, vai dizendo, a rir.
A apresentação à escalada veio através do pai, que, por sua vez, começou a escalar em Espanha. Foi na companhia do pai que começou a escalar em Sesimbra, no “Portugal dos Pequeninos”, progredindo depois para a “Fenda”, na Arrábida.
Pelo caminho, conheceu Hélder Cabedal, que Pedro caracteriza como “o meu professor de escalada”. “Foi ele quem me ensinou as bases técnicas do desporto”, explica o atleta que é atualmente treinado por Pedro Alves.
Outro fator importante para a rápida evolução deste escalador foi a abertura de um rocódromo perto de casa, conta: “Por sorte, o Vertigo abriu ao lado de minha casa e comecei a passar lá muito tempo.”
Foi no Vertigo que Pedro Pato conheceu outra pessoa muito importante para a sua evolução: André Neres.
“Conheci o André no Vertigo e comecei a conversar com ele e a escalar com ele. Tornámo-nos amigos e hoje em dia escalamos muito juntos”, diz Pedro Pato, que está em vésperas de partir para os Alpes Franceses, precisamente, na companhia do campeão nacional.
Pedro Pato rejeita qualquer carácter de exceção no seu talento ou desempenho desportivo e deixa espaço para um futuro que, aos 14 anos, está necessariamente, por definir.
“Há muitos jovens como eu, a escalar bem. E miúdos até bem mais jovens que prometem muito. Mas o que eu vejo acontecer é que muitos chegam aos 15, 16, 17 anos e perdem o interesse na escalada. Surgem outras solicitações e outras coisas que os distraem e eu não posso garantir que o mesmo não vá acontecer comigo”, avisa, numa avaliação cheia de pragmatismo.
Mas há muita esperança em Pedro Pato. E um realismo que a suporta. Realismo e o próprio panorama da escalada em Portugal, que está a mudar rapidamente para melhor, conforme reconhece o jovem atleta:
“As coisas estão a mexer muito, e bem. Já começamos a ver resultados deste novo investimento e penso que sim, que a entrada nos Jogos Olímpicos é fundamental. Temos coisas porque competir e isso é bom.”