FCMP quer requalificar escolas de escalada com ajuda do Projeto Titã
O investimento da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal na escalada não se reflete apenas na vertente puramente competitiva e no objetivo olímpico. A escalada é uma atividade multifacetada que nasceu na rocha e aí tem a sua base, a sua essência, e a esmagadora maioria dos seus praticantes. Mas a escalada na rocha também apresenta desafios complexos, nomeadamente da segurança e dos acessos, que a FCMP quer encarar.
Assim, a FCMP está também a chamar a si entidades e pessoas que apoiem o desenvolvimento da escalada nas várias “escolas” (termo que designa paredes naturais equipadas com vias para a escalada) e a salvaguarda da sua prática, assegurando as melhores condições de segurança possíveis.
É nesse contexto que a FCMP está a criar uma comissão para o equipamento e reequipamento para requalificação de vias e escolas, composta por várias pessoas de reconhecida competência, entre as quais alguns elementos do “Projeto Titã”
(https://www.facebook.com/projetotita/), que inclui a grande maioria dos equipadores portugueses, e que foi criado para abordar um problema específico: o da degradação das ancoragens de inox em algumas escolas do país, em especial, aquelas localizadas em áreas costeiras.
Desde há cerca de 15 anos, as ancoragens utilizadas nas escolas são de aço inoxidável, o “inox”, que veio substituir ancoragens galvanizadas que, naturalmente, eram afetadas pela corrosão. Todavia, tem-se verificado que as ancoragens de “inox” também não são a solução correta nestes ambientes marítimos altamente corrosivos.
Na prática, constatou-se que algumas ancoragens, apesar de não apresentarem sinais evidentes de desgaste, partiam. Isto tem-se traduzido numa série de incidentes, felizmente, ainda sem consequências de maior.
A solução para este problema passa pela substituição das ancoragens de “inox” por titânio, com custos exponencialmente maiores para os equipadores, já que as ancoragens de titânio custam aproximadamente o triplo (cerca de 15 euros por peça).
Para fazer esse trabalho meritório, procurando ultrapassar os constrangimentos orçamentais, surgiu, há cerca de três anos, o “Projeto Titã”, do encontro de necessidades de outros projetos como o “Homem Bala” e da “Sociedade dos Esquipadores Anónimos”, que já vinham fazendo algum trabalho convergente.
Este projeto, baseado no Facebook, trabalha graças aos donativos de entidades e particulares e já reequipou mais de metade das vias mais suscetíveis a esta degradação das ancoragens de “inox”.
Um problema reconhecido pela União internacional de Associações de Alpinismo (UIAA), que constatou problemas semelhantes em várias escolas costeiras um pouco por todo o mundo e que, ciente do trabalho desenvolvido em Portugal, contactou o Projeto Titã para colaborar com a sua comissão técnica que está a elaborar os novos standards para o equipamento das escolas de escalada.
No seguimento desse contacto, os responsáveis do Projeto Titã abordaram a FCMP para pedir apoio na execução deste estudo, e desse contato a FCMP adquiriu uma máquina para testes de ancoragens e promoveu um curso de reequipamento de vias.
Além disso, a FCMP também convidou elementos do projeto para integrar uma nova comissão para tratar não só da questão das falésias costeiras, mas para executar um trabalho mais abrangente. Esta comissão, ou grupo de trabalho, vai lidar, não só, com a questão da substituição das ancoragens de “inox” nas falésias costeiras, mas procurar requalificar e melhorar todas as escolas com necessidades específicas em todo o país, quer ao nível do seu equipamento quer dos acessos.