André Neres à procura da Taça e de uma época perfeita
A tentativa de André Neres conseguir uma época perfeita é a principal atração da Taça de Portugal de Dificuldade que terá lugar este sábado, no Colégio dos Maristas de Carcavelos, na Parede.
Numa competição que reúne os melhores escaladores da especialidade, a grande curiosidade é perceber se o homem que venceu todos os títulos em disputa este ano, nomeadamente,
o Campeonato Nacional de Dificuldade, o Campeonato Nacional de Boulder e a Taça de Portugal de Boulder, conseguirá fazer o pleno e arrecadar a Taça de Dificuldade.
“As minhas expectativas são boas e espero vencer, mesmo que haja algumas incógnitas”, afirma André Neres, atleta que é justificadamente apontado como a grande esperança para uma presença de Portugal nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.
E as “incógnitas” são essencialmente duas, explica Neres: “A minha lesão no dedo anelar da mão direita e a adesão da concorrência. Não sei bem quem poderá estar presente e quão mais elevado será o nível da prova. A lesão limita-me porque
tem condicionado os meus treinos; tenho escalado pouco e como esta é uma prova em que a resistência física é fundamental, receio que a minha forma esteja um pouco afetada nesse capítulo.”
Na competição feminina, a campeã nacional de Dificuldade, Rafaela Bastos, vai competir à Linha com aspirações a arrecadar a Taça e, sobretudo, bater a forte atleta de ascendência ucraniana Olga Fedyuk:
“Vou com grande entusiasmo pois esta é a minha vertente favorita da escalada de competição. Tenho duas lesões, no ombro direito e pulso esquerdo, mas espero apenas que os equipadores nos proporcionem vias interessantes para escalar e que
a concorrência seja forte. Espero que a Olga (Fedyuk) esteja presente, pois, isso tornará o espetáculo mais interessante.”
Já a própria Olga Fedyuk — escaladora de Espinho, e uma das maiores animadoras das provas nacionais deste ano, tem uma atitude mais reservada: “Não tenho expectativas para esta prova. Mas é mesmo assim que gosto pois quando se criam expectativas torna-se mais difícil lidar com o insucesso.”
Um “ano zero” de luxo
Na antecâmara da última prova da temporada, os balanços são propícios, sobretudo para um ano que marcou um novo arranque da Escalada em Portugal, uma espécie de “ano zero” para a organização da modalidade que será olímpica em Tóquio 2020.
André Neres, que também desempenha um papel no revitalizar da modalidade na FCMP, faz um balanço “superpositivo”: “Sim, o trabalho é positivo e o balanço superpositivo. A máquina organizativa começou a ser afinada este ano, mas todos os atletas e a equipa federativa estão de parabéns, e existem
já projetos e vontade de fazer mais e melhor nos próximos anos.”
Refira-se que Domingo, também no Colégio dos Maristas, terá lugar a Taça de Dificuldade para os escalões de formação da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal.