“Não acordámos agora para a escalada, apenas fizemos um ‘upgrade’”
O presidente da FCMP, João Queiroz, faz o balanço da ação federativa na modalidade de escalada em 2017,
que caracteriza como um incremento da ação de anos anteriores e lança com entusiasmo algumas pistas para o futuro: os Jogos Olímpicos no horizonte, mas também com a escalada não competitiva bem presente na órbita federativa.
Assistimos em 2017, a uma grande aposta da FCMP na revitalização da escalada. Pode explicar-nos as várias facetas deste investimento?
A FCMP é a detentora do Estatuto Utilidade Pública Desportiva, pelo que com a inclusão da escalada no calendário olímpico achámos por bem abraçar uma maior responsabilidade na preparação dos atletas para esse novo desafio.
Seguimos esse caminho em 2017, no seguimento do que já tínhamos feito em anos anteriores. Não acordámos agora para a escalada, apenas fizemos um “upgrade” em alguns aspetos. A escalada pode não ser uma modalidade de massas mas é fácil constatar que os seus praticantes são muito apaixonados. Isso é bastante patente, até mais do que na competição, na escalada desportiva em rocha. E também aí acompanhamos o movimento espontâneo de escaladores, concretizado no projeto titã, que visa avaliar a segurança das vias e a sua reabilitação por esse país fora. Também estamos a trabalhar nesse quadro, a seguir os seus protagonistas e, nesse sentido, designámos uma comissão técnica para ajudar nessa missão. Na escalada de competição, demos mais energia aos campeonatos e trouxemos algumas entidades privadas para colaborar connosco, o que, podemos dizer com agrado resultou nalgum êxito em 2017.
Mas há quem acuse a FCMP de apenas ter reinvestido na escalada por causa da inclusão no calendário olímpico. Como comenta estas acusações?
Isso não é de todo verdade. O que acontece é que tem havido grande procura por parte das autarquias para criar mais equipamentos e levar a cabo outros projetos que estão na calha e que têm motivado muitas reuniões com câmaras municipais para desenvolver projetos ligados à escalada. Há cada vez mais estruturas, mais parceiros, mais visibilidade e maior desenvolvimento. Isso é muito gratificante para a FCMP.
Também a Seleção Nacional foi alvo de uma grande aposta, apesar de um diferendo que ainda se mantém com a federação Internacional (IFSC). Quais as origens desse diferendo e quão perto está de ser sanado?
Não sei se se pode chamar um diferendo. O meu antecessor resolveu, de moto próprio, sem consultar órgãos da FCMP, deixar de pagar quotas da IFSC. Com reação a esse fato, a IFSC tem vindo a permitir a participação no seu âmbito de uma outra organização portuguesa que não reúne quaisquer condições que o permitam, quer porque não é reconhecida em Portugal e se encontra, alias, em situação de manifesta ilegalidade face à lei portuguesa, quer porque os próprios Estatutos da IFSE proíbem essa participação.
A FCMP tem vindo a trabalhar no sentido de superar esta situação.
Por um lado, através da regularização da sua situação no âmbito da IFSC, da qual, aliás, nunca foi formalmente excluída, mediante pagamento das quotas em atraso. Aguarda uma resposta da IFSC para a imediata regularização dessas quotas.
A jusante desta questão, tem havido um esforço de reaproximação com a FPME e acreditamos que a curto prazo chegaremos a um entendimento. O que importa não é existirem muitas estruturas, mas existir uma que una todas as pessoas que trabalham pelo desenvolvimento da escalada. Todos somos poucos nesta causa e não se justificam estas querelas.
O próximo passo para a escalada nacional são os Jogos Olímpicos. A FCMP está a trabalhar para Tóquio ou a pensar em 2024, para Paris?
O Olimpismo tem de ser pensado a longo prazo. Se houver possibilidade de estar em Tóquio, isso seria muito bom, mas tem de haver trabalho continuado a longo prazo. Daí termos nomeado uma equipa técnica, com o Selecionador Frederico Silva e o treinador Pedro Alves, que já estão a olhar para horizonte além de 2020. Há muitos jovens que se iniciam na escalada, nos clubes e no Desporto Escolar e depois se perdem pelo caminho. É esse fenómeno que estamos a tentar minimizar e a tentar aproveitar esses atletas, num trabalho que levamos a cabo com o apoio do IPDJ.
Quais os planos da FCMP para a escalada em 2018? Já foi anunciada a inauguração de um novo complexo de escalada nos Olivais, mas que mais podemos revelar?
Estamos a trabalhar com a Câmara Municipal de Lisboa para a reabilitação das estruturas de escalada existentes no concelho e estamos prestes a inaugurar uma nova estrutura no Vale do Silêncio, Olivais. Estamos apenas a aguardar a luz verde da autarquia.