Júlia Nogueira, uma surpresa que chegou do Brasil
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Júlia Nogueira foi uma agradável surpresa na primeira mão da Taça de Portugal de Boulder, que decorreu em Lagoa no dia 21 de abril. A escaladora brasileira de 26 anos, natural de Brasília, alcançou um excelente terceiro lugar, batida pela norte-americana Briand Monteiro e pelo jovem prodígio Madalena Casanova. Prestação que a própria Júlia considerou relativamente surpreendente: “Fiquei meio surpreendida com o resultado porque, atualmente, nem treino no muro, estou mais focada na rocha, pelo que achei até interessante ficar no pódio.”
Ainda a respeito desta prova da Taça de Portugal, a escaladora brasileira, que está em Portugal para fazer um mestrado na área dos audiovisuais, manifestou-se muito agradada com o nível da organização e, sobretudo, com a elevada competência das escaladoras, com particular destaque para a jovem Madalena Casanova:“Achei incrível conhecer a Madalena, que é muito novinha e já escala muito. Gostaria que no Brasil tivéssemos escaladoras como ela, tão talentosa e tao jovem.”
A paixão de Júlia Nogueira pela escalada tem já 10 anos, e surgiu através de um namorado que lhe pegou o “bichinho”. “Na altura tinha um namorado que escalava e comecei a interessar-me por esse desporto por causa dele. Entretanto o namoro terminou, mas nunca mais parei de escalar.”
O primeiro contacto foi num rocódromo, em Brasília, recorda: “A escalada tem pouco tempo no Brasil. Em Brasília escala-se há 30, 35 anos, no máximo. Comecei no rocódromo e só passado um ano passei para a rocha.” Mas, como a esmagadora maioria dos escaladores, se a escalada “indoor” foi o início, foi com a rocha que as coisas se “entranharam” até hoje.
Um dos pontos mais altos desses primeiros tempos de escalada foi a viagem até “Piedra Parada”, na Patagónia, mas mesmo no Brasil, nos arredores da sua cidade e mais além, Júlia perseguiu o gosto pela rocha: “À volta de Brasília temos bon ‘spots’ para boulder e escalada de vias e explorei um bocado isso. E viajei, por exemplo, até à Serra do Cipó, em Minas Gerais, que é um dos sítios mais clássicos do Brasil para a escalada.”
Portugal surgiu na vida de Júlia há apenas alguns meses, a propósito dos estudos, mas rapidamente percebeu o potencial do país para seguir com o seu “vício”: “Vim para Portugal para estudar, tirar o meu mestrado, mas decidi vir um pouco mais cedo e explorar. Vim para o Porto, mas rapidamente percebi que se queria escalar a cidade era Lisboa. No Porto há poucos sítios para treinar e em Lisboa há bons rocódromos e excelentes locais para escalar em rocha à volta da cidade.”
Rapidamente conheceu alguns escaladores nacionais, com destaque para o multicampeão nacional André Neres. Foi através destes contactos que decidiu experimentar a competição, na Taça. E promete continuar. “Adorei e se estiver por cá nas próximas provas com certeza que irei participar”, sublinha.
Nós cá a esperamos.