Uma campeã para o futuro
MADALENA CASANOVA, DE APENAS 13 ANOS, VENCEU A TAÇA DE PORTUGAL DE BOULDER 2018
Madalena Casanova tem apenas 13 anos, e apesar de estudar no 8º ano e, portanto, ter ainda uma distância de conforto das grandes decisões académicas, já sabe que quer algo ligado “ao Desporto ou Ambiente”. Para já, enquanto lhe sobra tempo e espaço para as grandes encruzilhadas da vida, abraça a escalada como forma perfeita de conjugar estes interesses. E fá-lo com tal competência que se sagrou campeã da Taça de Portugal de Boulder de 2018, batendo pela margem mínima a campeã nacional Rafaela Bastos.
“Não estava nada à espera (de vencer a Taça)”, desabafa, justificando com o facto de a primeira experiência competitiva sénior datar de 2017, há apenas um ano: “A primeira vez que entrei num campeonato de seniores foi o ano passado, no Vertigo. Passei por muito pouco às finais, mas depois apanhei duas vias ao meu estilo e correu-me bem, o que me deixou mais motivada, mas nunca pensei ganhar uma Taça tão cedo.”
Madalena começou a escalar aos 9 anos, por influência do pai, conforme conta: “Os meus pais estavam a pensar viver em Marvila e o meu pai decidiu levar-me ao [rocódromo] Vertigo, onde conheceu o Nuno Baptista, um dos donos, que me apresentou à escalada. O Nuno viu que eu tinha jeito e inscreveu-me. E foi aí que fui conhecendo pessoas que me motivaram e ensinaram, como o Pedro Alves, o meu treinador.”
O “jeito” que rapidamente lhe reconheceram traduziu-se numa evolução bastante rápida, suportada por uma força, elasticidade e, sobretudo, dedicação invulgares. Uma dedicação que a motiva a treinar três a quatro vezes por semana. “Saio da escola e vou com os meus amigos da escalada que estudam comigo para o Vertigo. Saio dos treinos por volta das oito da noite e vou logo para casa. Sim, às vezes estou muito cansada e sinto alguma preocupação dos meus pais, mas nunca chego ao cansaço extremo.”
Tudo obriga a uma gestão que mostra bem a maturidade desta jovem que não abdica de uma vida normal para uma adolescente, apesar de tudo, típica. “Há sempre tempo, mas tem de ser bem gerido. Na época de testes, por exemplo, não dá para sair com os amigos, é só estudar e treinar, mas não é sacrifício pois ganho muita coisa em conviver com pessoas mais velhas que me ensinam muitas coisas sobre a vida. Fico sempre a ganhar!”
Entre as maiores influências na escalada cita André Neres, o treinador Pedro Alves e Tiago Martins, do Vertigo.
Com 13 anos e tanto talento, numa altura em que se fala tanto da inclusão da escalada no calendário olímpico, é legítimo pensar que Madalena também sonha como os Jogos?...
“Os Jogos Olímpicos são sempre ‘o’ sonho, mas se é realizável...? Se tiver essa oportunidade, porque não pensar nisso? Seria uma conquista muito grande. Temos atletas e treinadores com valor, penso que poderemos pensar nisso para os próximos anos.”